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Bem-vindos! Este blog surgiu do meu gosto pela palavra, em especial pela palavra escrita. Desde novo, comecei a tomar gosto pela coisa e a escrever um textinho aqui, um poeminha ali, uma redação acolá. Com o passar do tempo, dei-me conta de que esses escritos se encontram dispersos em pedaços de papel, partes de cardenos etc - pois, com frequencia, a gente guarda memórias da nossa infância e adolescência, mesmo não sendo nada de grande valor literário. Ao crescer, não sei se a qualidade dos textos melhorou em nada, mas a vontade de escrever não me abandonou, ainda que se manifeste esporadicamente, e comecei, então, a questionar meu método de produção e armazenagem - papéis soltos por todos os cantos já não me pareciam a melhor maneira. Surgia, assim, a ideia de fazer um blog. Da ideia até sua execução, passaram-se anos, mas finalmente aconteceu. Para entender um pouco mais sobre a escolha do nome, ou sobre o blog em si, leia o post inaugural, clicando aqui. Por fim, muito embora não haja aqui organização quanto a temas, tipos ou formas textuais, preferi separar os textos em versos numa outra página a que chamei de "Líricos". Caso tenha interesse em visualizar esses textos, basta clicar aqui ou no link que se encontra à direita se sua tela. Boa leitura!

sábado, 4 de junho de 2011

Carta

Montevidéu, 28 de abril de 2011.

Cara Amiga,

Como vais? Tudo bem? Cheguei há poucas horas à capital uruguaia e resolvi aproveitar a paisagem para tirar um descanso e escrever-te esta. Saí bem cedo de Buenos Aires e peguei uma barca para cruzar o Rio da Prata e agora estou aqui, do outro lado da margem, sentado num muro de pedras construído ao longo dum pequeno trecho da orla do rio. Suponho que aqui já esteja numa parte da foz já muito próxima ao oceano, porque a cor da água e tudo mais em volta lembra o mar - há verdadeiras praias, com gaivotas, conchinhas de mexilhões, a brisa que sopra constante e tudo mais.

À esquerda de onde estou, tem um casal de meia idade, de feições asiáticas, abraçadinhos... Imagino que já sejam casadas há muitos anos, mas ainda namoram! Mais adiante, à minha esquerda, sentados na mesma mureta, um casal jovem também namora. Eles conversam e trocam carícias - ela mexe no cabelo dele, depois ele no dela, se abraçam, se beijam... Olhá-los dá a impressão de que, para eles, só existem os dois no planeta. Parecem, simplesmente, ser as pessoas mais felizes do mundo! No fim das contas, fico com a sensação de que a felicidade não custa caro, não é verdade? A praia e a mureta são de graça. Os carinhos, os beijos, os sorrisos, as palavras sussurradas ao pé do ouvido... nada disso tão pouco é cobrado. É simples, é grátis, é mágico! E parecem felizes de fato. É por isso que eu amo coisas simples! Creio que a simplicidade tem o poder de abrir pequenas portinhas escondidas pelas quais a felicidade pode entrar. Não concordas? Veja só eu aqui, - belas palmeiras de um lado, a brisa e o barulho da água nas pedras do outro, e nada pra fazer, nenhuma obrigação... simples e barato - feliz! Acho que não trocava este momento por quase nada no mundo.

Montevidéu é uma cidade bem agradável, muito embora não goze da mesma pujança que a capital portenha. Todos muito simpáticos e é impressionante a quantidade de coisas que remetem ao Brasil nas duas cidades - Av. Brasil, Praça Tiradentes, Banco Itaú, posto da Petrobras, busto de Santos Dumont etc. Uma coisa curiosa daqui é que, por todas as partes, vê-se os uruguaios com sua cuia na mão e uma garrafa térmica debaixo do braço, prontos pra tomar seu mate (o nosso chimarrão) em todos os lugares que vão. Marcas culturais à parte, certas coisas não mudam, por exemplo, também aqui os cães sabem quando estão indo ao veterinário! Eis a cena: um labrador preto, lindo!, curvado, ofegante, tentando a todo custo ir no sentido contrário ao que ia sua dona, que lhe arrastava pelo chão liso do consultório. E o pobrezinho fazia a mesma cara que o meu cachorro faz quando sabe que vai ao veterinário. Deve ser aglum instinto canino universal... Uma comédia!

Buenos Aires é linda! É uma grande metrópole, mas não como São Paulo, ou Nova Iorque. Tudo bem que a impressão que se tem é de que não há casas na cidade - é uma massiva construção de grandes edifícios, mas que lembra mais algo como Milão, ou Paris, não sei. Deve ser isso, aliás, que doa à cidade aquele tal "ar de Europa" de que tanto ouvi falar, porém sempre desconfiava se seria mesmo verdade. É. Nota-se isso não só na arquitetura dos prédios, mas na disposição da cidade, na maneira como as pessoas se vestem, e ainda tem essa pintura retrô com a qual se pintam os ônibus urbanos e os letreiros e cartazes, dando à cidade um certo tom nostálgico. Buenos Aires é pujante, mas não está para grandes arranha-céus futuristas, é bem mais charmosa que isso. Seu clima é de Belle Époque! É bem essa a expressão.

Bom, querida amiga, espero que tudo esteja bem contigo e com os teus. Que possas gozar de saúde e destreza, que realizes teus sonhos, venças na vida e sejas feliz. Obrigado por tua última missiva e não te demores em escrever-me novamente. Aguardarei ansiosamente por notícias tuas. Não te esqueças deste que te escreve.

Com carinho,
Teu amigo.