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Bem-vindos! Este blog surgiu do meu gosto pela palavra, em especial pela palavra escrita. Desde novo, comecei a tomar gosto pela coisa e a escrever um textinho aqui, um poeminha ali, uma redação acolá. Com o passar do tempo, dei-me conta de que esses escritos se encontram dispersos em pedaços de papel, partes de cardenos etc - pois, com frequencia, a gente guarda memórias da nossa infância e adolescência, mesmo não sendo nada de grande valor literário. Ao crescer, não sei se a qualidade dos textos melhorou em nada, mas a vontade de escrever não me abandonou, ainda que se manifeste esporadicamente, e comecei, então, a questionar meu método de produção e armazenagem - papéis soltos por todos os cantos já não me pareciam a melhor maneira. Surgia, assim, a ideia de fazer um blog. Da ideia até sua execução, passaram-se anos, mas finalmente aconteceu. Para entender um pouco mais sobre a escolha do nome, ou sobre o blog em si, leia o post inaugural, clicando aqui. Por fim, muito embora não haja aqui organização quanto a temas, tipos ou formas textuais, preferi separar os textos em versos numa outra página a que chamei de "Líricos". Caso tenha interesse em visualizar esses textos, basta clicar aqui ou no link que se encontra à direita se sua tela. Boa leitura!

sábado, 28 de agosto de 2010

Espaldas de Drummond

Às vezes, me sinto – quem não se sente? – com as espaldas de Drummond: “Os ombros suportam o mundo”...

Arquimedes, menos néscio que eu, preteriu solevar o globo sobre si e, numa tacada de mestre, levou o mundo foi no porrete – “Deem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”, disse.

Concordo! As coisas orbitam melhor assim mesmo! Antes à paulada que no meu cangote! Não obstante, eis que o pau é nada sem o pivô... E quando o nosso chão se abre, que horror! Tudo desaparece diante de nós; não há onde se apoiar.

Pra quem tem a compleição de Atlas, tanto faz carregar, ou não, o mundo nas costas, mas para os que nele habitam e, como eu, são simples mortais, a coisa é bem outra... Quem não é amigo da onça, está correndo um risco danado de servir-lhe de almoço, ainda que a vara não seja curta... Tudo porque falta apoio...

Como resolver a questão? Não sei! Mas, pra quem precisa de conselho, aí vai um axioma:

Moral da história: Tem hora na vida que nem a cacete as coisas se resolvem!

Impressões de Brasília

Exatamente há uma semana, completou um ano que desembarquei no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek para começar a minha vida no Planalto Central. Talvez os Céus soubessem (certamente, não eu) o que me reservava o futuro nestes 12 meses que se seguiram. Ciente, ou não, o fato é que se seguiram mais depressa que eu pudesse imaginar, e antes que a estes 12 se agregue outra dúzia, permitam-me aproveitar a ocasião para registrar algumas impressões.

Estou na Esplanada dos Ministérios em frente ao Palácio da Justiça, vejo:

1,2,3 indiozinhos
4,5,6 indiozinhos
7,8,9 indiozinhos
e umas dezenas mais!

Para quem não é de Brasília ou não sabe da história, tem um grupo de índios acampados em frente ao Ministério da Justiça desde o começo do ano. Expõem lá suas faixas de protesto - agora em português, mas, até pouco tempo, eram todas em inglês. E não qualquer inglês, era de fazer inveja à Rainha. Achei, no mínimo, curioso... Quem será que ensina inglês aos nossos silvícolas?! Enfim, não sei se estão certos ou se estão errados em sua causa, de todo modo, têm o direito de reivindicar. Seja como for, há, pelo menos, uma coisa positiva nesta história toda - nenhum deles ainda foi queimado. Um grande avanço de civilidade, não é verdade?!

Ainda sobre as manifestações, a mídia, aliás, não noticia 1% dos protestos que ocorrem pela Esplanada. E depois vendem a ideia de o povo brasileiro é um povo relaxado, passivo, omisso... Por que, hein?

Brasília, uma cidade idealizada há séculos, concretizada há cinco décadas a partir do gana de um mineiro que não desistiu de sonhar...

E parece mesmo um sonho! Brasília é uma metrópole e, claro, tem seus diversos problemas, mas, sob vários aspectos, não existe nada exatamente igual à Capital Federal. É uma cidade que não tem cara de cidade! Difícil de explicar, mas basta nascer em qualquer outro lugar do mundo e depois viver aqui pra entender. Uma capital nacional, uma metrópole, abrigo de embaixadas dos quatro cantos do globo e que, contudo, não é cosmopolita. Surpreendentemente, é quase interiorana (bom, a ideia era mesmo trazer a Capital para o interior, certo?) e, embora seja o berço de grandes nomes do rock nacional, é o sertanejo que atualmente domina as rádios e os grandes eventos jovens.

Bom, e já que é sertanejo o que ouço nas rádios desse quase-Goiás do meu Brasil, por que não em italiano, a língua das grandes óperas? Escolho uma canção para me aventurar...

Un giorno i tuoi piedi mi porterano
Dove le mie mani non raggiungeranno
Portami ovunque via con te
Staró così bene si saró con te
E proprio adesso voglio dire
Oggi io ti amo
Non negherò
Un’altra passione
Non la voglio
Voglio tu, solo tu
Senza spiegare perché

Deve estar cheia de erros, não tive quem revisasse mas, ainda assim... Continua sendo italiano, a língua das grandes óperas! Para quem não reconheceu (e nem espero que reconhecessem!) trata-se de uma tradução livre da canção "Tem Que Ser Você", que anda "bombando" nas paradas de sucesso por aí.

Seguindo ainda a linha musical, é incrível como várias das canções que embalaram os adolescentes da minha geração fazem bem mais sentido e tomam nova vida quando se conhece Brasília, sobretudo aquelas da Legião Urbana. Pudera, foi aqui o nascedouro desta e de outras bandas de relevo nacional que acabaram por tonar a cidade conhecida como a "Capital do Rock".

Brasília foi boa pra mim, me deu um emprego estável, independência e novos amigos, mas também cobrou sua fatura, já me tomou vários fios de cabelo, 3kg de meu peso, além de algumas lágrimas.

Muito se poderia dizer sobre essa jovem cidade histórica, tanto de louvor, quanto de ácida crítica; da sensação de euforia e deslumbre de adentrar pela primeira vez a Esplanada dos Ministérios; ou do paradoxo de se ter a Rodoviária e Conic, com toda sorte de contravenção que se diz ocorrer por ali - prostituição, roubo, venda e consumo de drogas etc -, bem de frente para o Congresso Nacional, símbolo máximo da lei e ordem de nossa nação... Mas a intenção é só compartilhar umas impressões, nada muito além disso. E por isso que vou encerrando por aqui. Bem, uma última coisa, se houvesse uma única palavra que me faltasse dizer sobre Brasília para terminar este texto e se me perguntassem qual seria, acho que minha escolha, inequivocamente, seria esta: a palavra que falta à Brasília é "umidade" por, pelo menos, uns 4 meses do ano!

Fim.